Economia é o principal problema do país na percepção de 44% dos brasileiros

Por Guilherme Russo | Diretor de Pesquisa da Quaest

Um dos achados mais importantes da quarta rodada da pesquisa Genial/Quaest é a crescente preocupação com a economia, em especial com a inflação. Hoje, 44% dos brasileiros citam a economia como problema mais grave do país. Isso representa um aumento de 16 pontos percentuais em comparação a julho, quando 28% dizia que a economia era o principal problema. Esse resultado é fundamental para a eleição do ano que vem.

FONTE: PESQUISA GENIAL QUAEST OUT 2021

Eleições nacionais mundo a fora tendem a ser marcadas por um tema (issue) ou problema principal. Com bastante frequência, a economia é a principal questão, mas não é incomum que outros temas como corrupção, insegurança e crime, ou até mesmo terrorismo, se destaquem.

O fato de os temas de economia (crescimento econômico, inflação, desemprego) ganharem importância tem implicações importantes para o cenário eleitoral de 2022. Primeiro, o presidente Bolsonaro precisa responder de alguma forma. A percepção de que a economia piorou nos últimos 12 meses tem aumentado e já chega a quase 70%. No mesmo sentido, o otimismo em relação aos próximos 12 meses também caiu vertiginosamente de 50% para 39%.

FONTE: PESQUISA GENIAL QUAEST OUT 2021

O agravante para Bolsonaro é que ele é visto como responsável pela situação da economia do país e, ao mesmo tempo, não é visto por muitos como o melhor candidato para controlar e avançar a economia pela maioria do eleitorado. Especificamente, apenas 17% dos brasileiros dizem que Bolsonaro não é responsável pela situação atual da economia. Já 54% dizem que ele é totalmente ou muito responsável, e outros 25% dizem que ele é um pouco responsável. Ou seja, o fato de a economia se tornar mais importante é ruim para o presidente.

Isso significa que para melhorar sua perspectiva eleitoral, Bolsonaro vai ter que produzir algo, e rápido. Talvez a esperança do mandatário seja o Auxílio Brasil (novo programa que deve substituir o Bolsa Família). Mas mesmo que o programa seja bem-sucedido, é importante notar que Bolsonaro é hoje o potencial candidato com maior taxa de rejeição. Praticamente 2 a cada 3 brasileiros (65%) diz que não votaria no presidente. Em compensação, a taxa de rejeição do ex-presidente Lula é de 43%. Só que Lula tem um eleitorado fiel bem maior. Hoje, 35% dizem que votaria em Lula com certeza e outros 18% dizem que poderiam votar. Em relação a Bolsonaro, 20% dizem que votaria com certeza e outros 11% dizem que poderiam votar.

FONTE: PESQUISA GENIAL QUAEST OUT 2021

Esse cenário eleitoral indica que ainda há espaço para os outros pré-candidatos. 29% da população diz que prefere que nem Bolsonaro, nem Lula ganhe a eleição presidencial. Esse percentual é maior que os 23% que preferem que Bolsonaro seja reeleito. Porém, é difícil que todo esse desejo de voto por uma “terceira via” vá para apenas um candidato. Hoje, nenhum dos outros pré-candidatos tem força sozinho. Ciro tem 10% fiel à sua campanha. Já Datena e Moro têm números parecidos nos cenários em que concorrem como único candidato da terceira via. Doria e Mandetta aparecem com 6%.

FONTE: PESQUISA GENIAL QUAEST OUT 2021

Ou seja, para que exista um candidato de terceira via forte, será necessária considerável coordenação. Talvez ainda mais importante, os resultados da pesquisa mostram que para conquistar uma grande parcela do eleitorado, qualquer candidato ou candidata terá que se mostrar como uma opção que terá a capacidade de melhorar a situação econômica do Brasil.

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